O cibercrime, que já havia registrado crescimento no Brasil em 2020, voltou a bater recordes em 2021. Um levantamento da empresa Kaspersky revela que o Brasil teve um aumento de 23% nos casos de cibercrimes nos primeiros oito meses de 2021 em comparação ao mesmo período no ano anterior. E uma modalidade de crime vem fazendo um número cada vez maior de vítimas: o sextortion, do inglês, extorsão sexual, caracterizado quando o criminoso pede dinheiro para não divulgar fotos e vídeos íntimos da vítima.
O advogado criminalista Renan Farah explica que, dentre as formas de extorsão sexual, uma vem atingindo com frequência os homens: o chamado ‘golpe da novinha’, também conhecido como ‘golpe da falsa delegacia’. “Uma pessoa usa uma conta falsa e se faz passar por uma bela mulher. Ela aciona as vítimas pelas redes sociais, como Instagram e Facebook, e estabelece um relacionamento virtual que rapidamente evolui para a troca de fotos íntimas. Quem começa enviando os nudes é o criminoso e quando a vítima envia imagens íntimas que permitem identificá-la, o
estelionatário entra em ação”, explica.
Nesse momento, explica Farah, a suposta mulher bloqueia a vítima e um falsário entra em contato, se identificando ou como pai da menina ou delegado de polícia. O golpista informa que a moça é menor de idade e pede dinheiro para que a vítima não seja exposta à família, ao empregador, à polícia e à imprensa.
“Quando o golpista se apresenta como delegado, envia um vídeo com um trecho da suposta denúncia da mãe da moça. Todo o cenário é montado de forma a levar a vítima crer que se trata de uma delegacia de polícia, tem banner, uniforme e até carteiras funcionais falsificadas. Em alguns casos, enviam documentos falsificados com o timbre da corporação e certidões de nascimento falsas. Assustados, muitos homens não percebem os indícios de fraude e costumam pagar as quantias exigidas para não serem expostos”, completa Farah.