Diante de uma taxa de 8,6% de desempregados, o que representa cerca de 9 milhões pessoas, a busca por novos postos de trabalhos no país é frenética, e em Presidente Prudente não é diferente.
Uma pequena parcela dos candidatos é chamada para uma entrevista de emprego, após “distribuírem” seus currículos em diversas empresas. E se sair bem nesta entrevista é um passo importante para a conquista de um emprego.
A psicóloga organizacional Debora Cristina Moretti, 38 anos, e que tem mais 12 anos de experiência na área, conversou com o Diário de Prudente nesta semana, e contou algumas dicas para se sair bem numa entrevista de emprego.
Em primeiro lugar, a psicóloga prudentina lembra que o fator primordial é procurar manter a calma. “Ninguém gosta de se sentir avaliado, então o nervosismo pode atrapalhar o desempenho, mesmo a pessoa sendo um ótimo profissional”, avalia Debora Moretti, citando que a serenidade neste momento é crucial.
Diário de Prudente – Houveram grandes mudanças na forma de seleção de candidatos a uma vaga de emprego nas últimas décadas, e nas entrevistas de empregos também houve essas mudanças?
Debora Moretti – Já houve um tempo em que as escolhas dos profissionais eram baseadas em indicações, considerando o fato da pessoa ser “de boa família”, buscava-se pessoas conhecidas para compor o quadro de funcionários, pois isso dava sensação de “segurança” ao empregador. Assim, as entrevistas de emprego eram mais informais, o contratante buscava “sentir” o candidato e as escolhas eram realizadas na maioria das vezes de forma intuitiva. Atualmente, busca-se identificar o profissional mais adequado para a vaga, de acordo com o conhecimento técnico e grupo de competências (perfil) que sejam compatíveis com a função. Para isso, o profissional de recursos humanos dispõe de técnicas de entrevista, testes psicológicos, uso de formulários e sistemas automatizados, que o auxiliam a filtrar e identificar o profissional mais aderente à vaga.
Diário – Ao ser selecionado para uma entrevista, até que ponto o candidato precisa se adaptar ao “estilo” do empregador ou ser totalmente livre para expor suas ideias?
Debora Moretti – Ser honesto e autêntico é importante, pois caso o candidato seja selecionado para a vaga, é onde ele irá passar a maior parte do seu dia, então ficaria difícil e custoso emocionalmente manter um personagem por tanto tempo. O ideal é que ele se sinta confortável para ser ele mesmo, mas mantendo uma postura adequada para o ambiente de trabalho, isso desde o momento da entrevista. Em nossas vidas, fazemos isso a todo momento, pois nos comportamos de maneiras diferentes de acordo com o ambiente ou situação, porém, mantendo nossa essência.
Diário – Como o candidato deve ir vestido a uma entrevista de emprego?
Debora Moretti – O modo que nos vestimos também é uma forma de comunicação, então devemos estar atentos à imagem a qual queremos transmitir. De uma forma geral, peças de alfaiataria, camisas e blusas de estilo mais social transmitem credibilidade e confiança. Outra dica é observar o grau de formalidade da vaga para adequar a vestimenta, de forma que para posições menos informais, um traje mais despojado composto por calça jeans, por exemplo, pode funcionar. Desta forma, blusas de alcinhas, calças tipo legging ou jeans estilo destroyed, shorts/bermudas, mini saias e chinelos devem ser evitados. Outro detalhe importante é se atentar para não estar com alguma peça rasgada ou suja, assim como barba e cabelos devem estar com aspecto limpos. O mesmo vale para as entrevistas online, não se deve relaxar neste quesito por não ser uma entrevista presencial.
Diário – O que o candidato deve falar e o que ele não deve falar na entrevista?
Debora Moretti – O candidato deve falar sobre suas experiências profissionais, conhecimento técnico que possui ou que está em desenvolvimento, cursos que já fez, habilidades que possui e sempre fatos verdadeiros. O que não se deve falar são mentiras, habilidades, conhecimento técnico e experiências que não possui, também não é bem visto difamar empresas nas quais já trabalhou. Termos chulos e gírias também devem ser evitados.
Diário – Quando e como o candidato deve perguntar sobre salário e carga horária?
Debora Moretti – O melhor momento para estes questionamentos é na entrevista, pois este é o momento tanto da empresa, quanto do interessado serem sinceros e tirarem dúvidas acerca um do outro. O processo seletivo é a fase onde as pessoas precisam se conhecer para saber se atendem às suas necessidades antes de partirem para o contrato formal. Assim, após os questionamentos do recrutador, caso ele não informe os detalhes da vaga, o candidato pode perguntar quais as atividades a desenvolver, horário de trabalho e remuneração, ou qualquer outra dúvida que ainda tenha sobre a posição. Não é considerado inadequado perguntar estas informações, afinal, o candidato também precisa verificar se a proposta profissional está de acordo com sua disponibilidade.
Diário – Você acredita que atualmente, expor suas convicções políticas pode atrapalhar na hora de uma entrevista?
Debora Moretti – O que precisa ser analisado é a necessidade de expor tais convicções, pois de praxe, não faz parte do processo seletivo analisar este quesito. Até porque dentro de uma empresa, dificilmente todos os colaboradores partilharão das mesmas convicções pessoais, sejam elas políticas ou não.
Diário – Se perguntado: “Porque você merece ser contratado pela empresa”, o que o candidato deve responder?
Debora Moretti – O candidato deve aproveitar a oportunidade para ressaltar suas potencialidades, resumindo seu perfil profissional para se auto promover.
Diário – Existe uma maneira de se destacar positivamente numa entrevista de emprego?
Debora Moretti – Sim. Eu costumo dizer que o processo seletivo começa a partir do momento em que o candidato atende a ligação do recrutador para convidar para o processo seletivo. A forma como você se comunica, já pode ser interpretada como positiva ou negativa. Além disso, se preparar, pesquisar sobre a empresa a qual você se candidatou, se comunicar de forma clara, se apresentar de forma asseada (limpa), demonstrar interesse e “brilho no olho” ao falar sobre sua trajetória profissional trazem um diferencial para o recrutador.
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