No ano em que o bárbaro assassinato do juiz Antonio José Machado Dias completa 20 anos, um busto em sua homenagem foi entronizado, ontem 27 de abril, no Salão do Júri do Palácio da Justiça, sede do Tribunal de Justiça de São Paulo.
A solenidade, conduzida pelo presidente do TJSP, desembargador Ricardo Mair Anafe, foi permeada pelos sentimentos de saudade e admiração. “Atuou com galhardia. Nunca, nunca, deixou de cumprir a sua obrigação de prestar a melhor prestação jurisdicional. Um exemplo de magistrado”, afirmou o presidente. “A entronização do busto perpetua a imagem da retidão e da ética.”
A cerimônia começou com discurso do orador em nome do Tribunal, desembargador Afonso de Barros Faro Júnior. Ouvidor substituto do TJSP e coordenador da Diretoria de Execução de Precatórios (Depre), foi também cunhado do homenageado. “A perda da vida do juiz Machado implicou em alterações profundas na rotina, segurança e cuidados no dia a dia do magistrado. Vimos atônitos a morte dele, seguida de Alexandre Martins de Castro Filho (Espírito Santo) e de Patricia Acioli (Rio de Janeiro). São nossos corajosos heróis porque partiram na defesa do Estado de Direito e da Justiça contra a impunidade e o crime organizado”, declarou o magistrado.
TRAJETÓRIA
O orador falou um pouco da trajetória do juiz Machado Dias. Natural de São Paulo (SP), ingressou na Magistratura em 1983, nomeado para a 27ª Circunscrição Judiciária, com sede na Comarca de Presidente Prudente. Nos anos seguintes judiciou na Comarca de Martinópolis e no Foro Distrital de Vicente de Carvalho, retornando a Presidente Prudente em 1989. No dia 14 de março de 2003, quando exercia as funções de titular da Vara das Execuções Criminais e corregedor dos Presídios da Região, sofreu uma emboscada quando voltava do fórum para casa. “Somos aplicadores da lei, fazemos valer o Direito e a Justiça, e o bem há de vencer com a punição dos ofensores das normas jurídicas. E é exatamente isso que representa a entronização do busto do juiz Antonio José Machado Dias”, finalizou o desembargador.
O discurso seguinte foi proferido pelo filho do homenageado, o recém-empossado juiz Raphael de Oliveira Machado Dias. No Palácio da Justiça, pai e filho tomaram posse do cargo de magistrado do Estado de São Paulo. Também nele o filho velou o pai.
Ontem, ao retornar ao local, Raphael Machado Dias emocionou o público com suas palavras. “A história de meu pai, assim como a minha e de tantos magistrados e magistradas, confunde-se com a história deste Tribunal de Justiça, instituição pela qual optou por representar, com dedicação e respeito”, disse. “Lembrem-se da alegria e do amor com que meu pai viveu, não pela forma como nos deixou. Dedicado e apaixonado pela função, meu pai exerceu a Magistratura de modo pleno, com carisma e empatia ímpares, características pelas quais merece ser lembrado!”, concluiu.
Ao assumir a tribuna, o desembargador Ricardo Anafe exaltou a memória do homenageado. “Em razão da firmeza, de sua postura, acabou sendo vítima de crueldade sem igual, a execução”, afirmou. O presidente encerrou a solenidade com apropriado trecho do Hino Nacional Brasileiro: “se ergues da justiça a clava forte, / Verás que um filho teu não foge à luta, / Nem teme, quem te adora, a própria morte”, citou. “E foi o que aconteceu. É uma representação fiel do espírito, da vontade, da dedicação e da ética que todo magistrado há de ter”, concluiu o presidente.
Também prestigiaram a solenidade o vice-presidente do TJSP, desembargador Guilherme Gonçalves Strenger; o corregedor-geral da Justiça, desembargador Fernando Antonio Torres Garcia; o presidente da Seção de Direito Privado, desembargador Artur César Beretta da Silveira; o presidente da Seção de Direito Público do TJSP, desembargador Wanderley José Federighi; o desembargador José Antonio Encinas Manfré, representando o presidente do Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo e diversas outras autoridades e também os irmãos do homenageado, Heloísa Maria Dias Vieira de Mello Lopes e Octacílio José Machado Dias e demais familiares.
