Luz no céu do RS é gravada por observatório de pesquisas

Algo nos céus das terras gaúchas intrigou os moradores de Taquara, no Rio Grande do Sul, na noite da última terça-feira (15), quando foram avistadas luzes brilhantes cruzando a noite. Como não poderia deixar de ser, houve quem as classificasse como um objeto voador não identificado (OVNI).

Felizmente, o Observatório Espacial Heller & Jung foi rápido em identificar o objeto — trata-se do satélite chinês Fengyun 1C, lançado há mais de 20 anos e que, hoje, desativado, está orbitando a Terra como mais um exemplar de lixo espacial.

De acordo com Carlos Jung, proprietário do observatório, a luz sequer era emitida pelo satélite. O especialista ressalta que, pelo fato de um objeto do tipo não ter luz própria, o brilho enxergado pelos moradores de Taquara só poderia mesmo ser o reflexo do Sol no seu corpo metálico.

“O avistamento de satélites pode ser comum quando estão em órbita baixa, entre 400 km de altitude ou, como esse que registramos, a 800 km”, disse o especialista em conversa com o Olhar Digital. “A confusão (entre satélites ou OVNIs) ocorre quando um observador vê apenas um determinado momento em que um satélite está refletindo a luz do Sol em forma de flares, e logo depois, elas cessam. Muitas vezes, isso é atribuído a algum OVNI”.

Apoio:


Como o corpo de satélites tende a ser de metal reflexivo — normalmente, alumínio ou aço —, há momentos em que a luz do Sol incide sobre eles, sendo fortemente refletida e causando pulsos de luz — os “flares” citados por Jung.

O satélite Fengyun 1C foi originalmente lançado em 1999, posicionado em órbita heliossíncrona — uma trajetória baseada no movimento do Sol, normalmente usada para captura de imagem, previsão de tempo e satélites de reconhecimento. Esse objeto, especificamente, foi destruído pelo próprio governo chinês durante um teste de míssil anti satélite disparado em 2007. A ação resultou em diversos pedaços dele percorrendo a órbita da Terra — a estimativa é que ele tenha gerado quase 3 mil novos destroços.

Por isso, não é de se surpreender que o pedaço do satélite tenha sido avistado no céu de Taquara. O observatório de Jung, localizado na cidade, é conhecido por ser dedicado ao monitoramento ativo de satélites, operando com duas câmeras — uma de 50 milímetros (mm) e outra de 25 mm. Segundo ele, essas lentes são estreitas, com campos de visão de 11 e 5 graus (º), respectivamente.

COMENTÁRIOS