Desde criança a prudentina, Priscila de Brito Silva Martins, 35 anos, carregava no coração o sonho de ser mãe por adoção. “Esse desejo nasceu comigo, independentemente de eu engravidar”, contou ela em entrevista à revista CRESCER. Mas sua trajetória na maternidade foi marcada por desafios, perdas, amor incondicional e surpresas.
A Dor da Perda e a Chegada do Primeiro Filho
Em 2019, Priscila enfrentou um dos momentos mais difíceis de sua vida: uma gravidez interrompida aos cinco meses devido a uma insuficiência cervical, condição que faz o colo do útero abrir precocemente. Seu bebê, Isaac, nasceu prematuro e não resistiu. “Foi muito doloroso, pois ele era muito desejado. Hoje, carrego ele comigo na memória e no coração”, compartilhou.
Enquanto ainda lidava com o luto, uma notícia mudou seu rumo: um bebê de cinco meses, filho de uma familiar que não tinha condições de criá-lo, precisava de um lar. Priscila não hesitou e, assim, João Miguel entrou em sua vida em 2019, tornando-se seu primeiro filho adotivo.
Descobertas e Novos Desafios
Aos seis meses, a família descobriu que João Miguel não enxergava. Aos dois anos, veio outro diagnóstico: autismo nível 3 de suporte. Priscila mergulhou em terapias e cuidados para ajudá-lo a se desenvolver. Hoje, com 13 anos, ele é uma das grandes alegrias da família.
Durante as frequentes idas ao hospital, Priscila conheceu Maria Isabel, a Mabel, então com nove meses. A bebê havia sofrido maus-tratos e estava internada há meses, sozinha, com graves sequelas: passou por cirurgias na cabeça, precisou de traqueostomia e sonda alimentar. “Nos apaixonamos por ela na UTI”, lembra Priscila. Em 2021, a adoção foi concretizada, e Mabel, hoje cadeirante, ganhou uma família.
A Chegada de Ravi e a Surpresa de Maria Júlia
Anos depois, Priscila descobriu que Mabel tinha um irmão biológico, Ravi, então com 2 anos. “Sentimos no coração que deveríamos adotá-lo para que crescessem juntos”, disse. Em 2023, o menino, então com nove meses, foi acolhido pela família.
Quando já era mãe de três crianças, Priscila recebeu uma notícia inesperada: estava grávida. Apesar da alegria, o medo da perda a assombrou. Aos 14 semanas, ela precisou fazer uma cerclagem uterina para evitar um parto prematuro. Felizmente, a gestação seguiu bem, e em 12 de junho de 2024, nascia Maria Júlia, hoje com oito meses. “Foi um parto tranquilo e muito especial”, celebrou.
A Rotina da Maternidade Atípica
Hoje, Priscila e o marido cuidam de quatro filhos – três adotivos e um biológico – em uma rotina intensa de terapias e cuidados especiais. “Nossa família não é tradicional, mas é cheia de amor. Cada evolução deles vale todo o esforço”, afirma.
Para quem deseja adotar, ela deixa um conselho: “Adote com o coração aberto. Haverá desafios, mas cada um deles será recompensado com amor”.
Sua história é um testemunho de resiliência, amor incondicional e a certeza de que família vai além dos laços de sangue.
(Fonte: Entrevista exclusiva à CRESCER | Redes sociais: @paisporadocao)