O aumento da pressão global sobre os recursos da terra e a necessidade de ampliar a produção agrícola mundial têm ocasionado produção ou cultivo de forma mais intensa em solos marginais, como são os solos arenosos que cobrem aproximadamente 900 milhões de hectares em todo o mundo. Situação que mobiliza a comunidade científica mundial da área de agronomia em busca de reverter a baixa fertilidade deste tipo de solo, como ocorreu de 4 a 8 deste mês na Conferência Global sobre Manejo de Solos Arenosos e Propriedades.
A Unoeste esteve representada no evento de tamanha magnitude, que reuniu pesquisadores dos cinco continentes na Universidade Wisconsin-Madison (UW), nos Estados Unidos. Realização do Departamento de Ciência do Solo, da Faculdade de Ciências Agrícolas e da Vida. O professor pesquisador Dr. Marcelo Raphael Volf apresentou resultados de experimentos conduzidos nos últimos três anos na Fazenda Experimental da Unoeste, em busca de estabelecer doses suficientes de calcário para mitigar déficits hídricos na cultura da soja.
Três radicados no Brasil
A apresentação oral obteve reação positiva e gerou discussão bacana, conforme o pesquisador que foi um dos três de instituições brasileiras a comporem a programação da conferência, com o suporte da Fundação Oeste Paulista de Inovação (Fopi). Os outros dois foram da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Conforme o Dr. Marcelo, produtores rurais do oeste paulista têm usado calcário, mas em doses que não atingem teores de cálcio suficiente para tornar a planta mais resistente à seca no solo arenoso que tem baixa capacidade de retenção de umidade.
“O cálcio em solos arenosos está sendo muito negligenciado no oeste paulista; principalmente na lavoura de soja. Quanto mais cálcio no solo, nas maiores profundidades, maior a capacidade das plantas de soja suportarem os veranicos, gerando, então, mais produtividade. Doses maiores de calcário resultam em melhor distribuição no sistema radicular das plantas de soja ao longo do perfil”, afirma o pesquisador cuja trajetória começou na formação em técnico agrícola, passou por diferentes regiões do país e se consolidou no pós-doutorado em Agronomia na Unoeste.
Graduação e pós-graduação
Natural do município de Anita Garibaldi, na região serrana de Santa Catarina, aos dois anos de idade foi para Nova Xavantina, no noroeste do Mato Grosso, onde estudou até o ensino médio. O curso técnico agrícola foi no “Colégio Agrícola” em Presidente Prudente. Voltou para o Mato Grosso e fez agronomia na universidade estadual. O mestrado foi em Rio Verde, no estado de Goiás, o doutorado em Botucatu e o pós- doutorado em Presidente Prudente, passando a atuar como professor convidado da Unoeste em 2019; e celetista desde 2021 na graduação e na pós-graduação lato sensu em agronomia.
A relação do Dr. Marcelo com a Unoeste nasceu através do seu orientador na Unesp em Botucatu, Dr. Carlos Alexandre Costa Cruciol, amigo do diretor da Faculdade de Ciências Agrárias da Unoeste, Dr. Carlos Sérgio Tiritan, que foi coordenador do Programa de Pós-graduação em Agronomia (stricto sensu). Na Unesp, Marcelo foi bolsista da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e por conta própria desenvolveu parte de sua pesquisa na universidade norte-americana do estado de Wisconsin, durante 11 meses.
Grandiosidade da Unoeste
Com toda essa caminhada, comenta que viveu várias situações em diferentes instituições, para afirmar que em infraestrutura física e técnica, juntamente com os recursos humanos, a Unoeste é uma grande universidade. “Falo isso de boca cheia e com orgulho”, comenta e acrescenta que a Unoeste tem recursos que são encontrados em poucas outras instituições de ensino superior. Sua ida ao simpósio, onde absorveu novos conhecimentos e ampliou relações interinstitucionais, faz parte do fortalecimento do processo de internacionalização da Unoeste.
Foram quatro dias de intensas atividades, a partir do dia 4 na recepção de boas-vindas no Dejope Hall, um dos conjuntos de residências universitárias. A programação seguiu com simpósios, apresentações e visita de campo. As discussões incluíram temáticas como solos arenosos – distribuição e formação; monitoramento, mapeamento e sensores; solos arenosos e salinidade; repelência de água do solo, crosta e compactação; solos arenosos sob silvicultura; gestão de carbono e nutrientes, saúde do solo; conservação da água no solo e águas subterrâneas; e conservação ambiental.